quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Clamamos por educação pública de qualidade!


CLAMAMOS POR EDUCAÇÃO PÚBLICA DE QUALIDADE

Ao ouvirmos frases como “O alicerce do país é a educação”, “A valorização do professor é fundamental para o desenvolvimento educacional”, não há como nos enganarmos: estamos falando de eleições. Os discursos políticos vêm carregados de questões sobre a melhoria do quadro atual da educação; pois a consideramos um dos setores mais importantes para o desenvolvimento da nação.

É inegável que, por meio da produção do conhecimento, um país cresce, aumentando sua renda e a qualidade de vida das pessoas. Qual mãe ou pai desse país não deseja que seus filhos tenham oportunidades que eles não tiveram? Qual pai ou mãe que nunca falou que o melhor meio de vida digno é através da educação? Quem nunca ouviu das pessoas mais vividas que o conhecimento é o maior bem da vida, o único que iremos levar pra sempre e que não há quem tome?

É fato que o cenário da educação tem melhorado nos últimos anos. As instituições de ensino – fundamental, médio e superior – tornaram-se locais importantes para transformação social e muitas famílias têm investido com esperança; o que gerou melhorias significativas para a população, principalmente a que tem menos poder aquisitivo. Contudo, ainda há muito para ser feito: somente 5% do PIB (Produto Interno Bruto) são investidos na educação e não há valorização dos seus profissionais. Além disso, vê-se a educação como um “gasto” e não como um investimento, pois os resultados aparecem em longo prazo e para os políticos, que administra por quatro anos, calçar uma rua renderá mais votos para reeleição.

Por meio deste texto, nós, alunos e servidores do IFRN/Campus Ipanguaçu, comunicamos à sociedade que mais de 200 campi dos institutos federais de educação estão em greve, reivindicando melhores condições para a educação. Nós pomos nosso senso crítico e político em prática, apoiando a causa dessa greve, por reconhecermos a necessidade de cobrar respeito do governo federal e um tratamento digno com a educação pública de qualidade. Aproveitamos também para nos solidarizarmos com os servidores do governo estadual, pois a UERN está em greve reivindicando mudanças na postura do governo Rosalba. São estes, os nossos governantes, os reais responsáveis por esse prejuízo causado à sociedade.

Todos nós merecemos, precisamos e acima de tudo temos “direito” a uma educação de qualidade, a um emprego decente, saúde, uma casa pra morar e chamar de nossa. E queremos deixar bem claro que apesar das coisas nesse país caminharem por vontades e apadrinhamentos políticos, nós não estamos pedindo favores e sim cobrando o que é nosso por direito. E é um crime que não tenhamos! Onde está a democracia? Afinal, que país é este?

É comum quando há greve a sociedade associar aos integrantes sinônimos como “desocupados”, que “não querem trabalhar, que só querem saber do bolso deles” e tantas outras coisas... Contudo, o que não se sabe são as reais causas desse movimento e a responsabilidade acaba ficando com os envolvidos nele. Mas, ironicamente, os profissionais da educação são responsáveis para melhorar a cidadania. Mas, reflitamos! Esses servidores são profissionais, assim como médicos, juízes e também batalharam, estudando como eles. Então, por que eles são os mais desvalorizados? Antes de serem profissionais, será que eles não são pessoas que tem necessidades básicas como todos?

Sociedade, precisamos acordar para as injustiças que são propagadas onde vivemos! A responsabilidade em ter uma educação de qualidade não está exclusivamente no profissional da educação. Está nas administrações públicas, sejam quais forem. Por isso, temos que cobrar deles soluções para o problema, que não é apenas de quem estuda no IFRN, pois somos privilegiados se nos compararmos às demais instituições de ensino. Mas não queremos privilégios que só atingem a uma parte da população; queremos o cumprimento desses direitos para todos!

As reivindicações propõem a retomada dos recursos públicos, com o fim das terceirizações (que dão margem as privatizações de setores do serviço público!) valorização dos profissionais da educação, com a reestruturação das carreiras e reajustes de salários bases (o que implica na qualidade da educação, pois como queremos uma educação de qualidade com profissionais que não sejam bem remunerados?). Inclusive, vulgarizou-se o papel do professor, pois com todas essas questões que envolvem a educação e com os salários que são pagos, a população já tem receio em relação a essa profissão, levando à evasão de profissionais de qualidade na área da educação.

Outra questão é contra os projetos de lei que congela gastos com servidores e serviços públicos, estabelece avaliação para demissão dos servidores, criarem fundos privados de previdência no serviço público e demais projetos que estão em tramitação no congresso para tirar direitos adquiridos. Finalmente, no último ponto que ressaltamos, retira a estabilidade do servidor público, dando margem a manipulações e subordinações que levam à repressão da autonomia.

Portanto, é diante dessa situação da educação brasileira que estamos em greve, pois clamamos por qualidade da educação já! Se um país se desenvolve sem educação de qualidade, os serviços públicos dependerão da boa vontade dos políticos e a sociedade nunca terá autonomia. Dessa forma, as mudanças que o João, a Maria e você que está lendo essas palavras desejam nunca acontecerão.

É por isso que estamos em GREVE, pois embora nós, atualmente no IFRN, tenhamos uma educação pública diferenciada, queremos garantir que essa qualidade seja mantida e continue em desenvolvimento. Para tanto, é preciso que o governo não pare com os investimentos. Mas, reiteramos que o que queremos garantir é uma perspectiva que seja boa para todos. E isso se chama educação e democracia.

Alunos e Servidores do IFRN, Campus Ipanguaçu

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