Até quando? Para onde? E como?
A gente vai levando?
Vai Levando - Chico Buarque
Mesmo com toda a fama, com toda a brahma
Com toda a cama, com toda a lama
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa chama
Mesmo com todo o emblema, todo o problema
Todo o sistema, todo Ipanema
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa gema
Mesmo com o nada feito, com a sala escura
Com um nó no peito, com a cara dura
Não tem mais jeito, a gente não tem cura
Mesmo com o todavia, com todo dia
Com todo ia, todo não ia
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa guia
Mesmo com todo rock, com todo pop
Com todo estoque, com todo Ibope
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando esse toque
Mesmo com toda sanha, toda façanha
Toda picanha, toda campanha
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa manha
Mesmo com toda estima, com toda esgrima
Com todo clima, com tudo em cima
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa rima
Mesmo com toda cédula, com toda célula
Com toda súmula, com toda sílaba
A gente vai levando, a gente vai tocando, a gente vai tomando, a gente vai dourando essa pílula !
2 comentários:
Há sempre questões que emergem na arte quando a analisamos criticamente, sobretudo na arte política, a arte de protesto... o que é, na verdade - no caso da música - uma música de protesto? É uma música que aponta problemas, que aponta soluções, que sintetiza a realidade, que expõe contradições em suas elucubrações sonoras e literárias? Eu acredito que o protesto é negação, e o que não está negando está respaldando. Ou seja, perde o sentido que a ela costumamos dar: o sentido de poder mudar a realidade.
No caso dessa música do Chico Buarque (em parceria com Caetano Veloso), o que fica exposto senão uma letargia a respeito da opressão sofrida pelo povo? Onde está a negação à ditadura? Onde está a negação à repressão, à pobreza, à miséria, à alienação da condição humana? Não existe... é uma canção que aceita a realidade tal como está; aceita "ir levando". É ponto comum em toda a obra do Chico, mas não só na obra dele, mas em grande parte de nossa sacra MPB. A chamada música de protesto no Brasil é algo que ainda merece muito estudo para ser melhor compreendido.
Não falo isso pra ser iconoclasta, falo apenas pra que tudo seja objeto de reflexão e crítica... e criticar pra mim é um hobby. Enfim,,, não quis dizer com isso tudo que a obra do Chico é ruim; apenas que ela não é serventia pras lutas. Enquanto o rock gritava, "que país é este", ou "a burguesia fede", ou "Brasil, mostra tua cara, quero ver quem paga pra gente viver assim" afirmativamente, nos anos 60 e 70, o que a nossa MPB diziam? "A gente vai levando", "choram Marias e Clarisses no solo do Brasil", "somos todos iguais, braços dados ou não"... muito bonito do ponto de vista estético; desnecessário, do ponto de vista político. Mas isso parece mais conversa de mesa de bar, não comentário de blog né... rs
No mais, tô acompanhando o andamento da greve. Sucesso pro movimento!
Olá Leon,
Obrigada por vir acompanhando. Apesar de ser uma apreciadora da obra de Chico Buarque, e amante do nosso rock, primo pela reflexão e crítica. Acho que a beleza do MPB não é apenas estético e não acho que, seja desnecessária do ponto de vista político. Creio que haja uma reflexão sutil, que realmente não é tão denuncia tão à vista, pois exige sensibilidade e uma questão de entrar em contato.
Embora atualmente estejamos vivendo um momento de "protesto",reivindicando por mudanças, penso que a mudança não é apenas um processo político como envolve o momento em questão. A mudança tem que partir de cada um de nós! E um dos objetivos desse poster, é fazer que com que observemos como anda a conjuntura social.
Reconheço, que falte objetividade, mas penso que as pessoas precisem ser sensibilizadas para sentirem as mudanças.
Por que nós queremos mudanças, mas o fato é que vivenciamos um comodismo - ocasionado por vários fatores. Mas, e aí? As pessoas sentem a mudança? Querem mudar realmente?
Penso que para o mundo mudar, as pessoas tem que mudar! E as pessoas são, o que suas condições de existência determinam, então o que temos que mudar são essas tais condições.
P.S.:É de fundamental importância o estabelecimento de diálogos, acho que daí vem o aprendizado, que tanto me apego.
E esse é uma oportunidade de aprendizado. Portanto fiquem a vontade! Não penso que as minhas opiniões são as certas ou erradas, são só um jeito de me expressar minha razão, que devem mudar, pois somos seres mutáveis. Fazendo jus a nossa causa, uso-me das palavras de Paulo Freire: "Mudar é difícil, mas é possível".
Att,
Organização do blog.
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