No começo do mês de Agosto, em um Seminário sobre a Educação que aconteceu na capital do nosso estado – Natal/Rio Grande do Norte – aconteceu um fato, que não sei poderia chamar-se de absurdo, lamentável, ridículo ou motivo de piada, já que o Brasil tem tido a lamentável “fama” de sambar, gozar e rir dos problemas.
O fato foi que o então governador do Ceará, Cid Gomes, possivelmente questionado sobre a então greve dos professores das escolas públicas estaduais cearenses, expressou seu pensamento, que infelizmente tem orientado muitos políticos nesse Brasil afora, refletindo significativamente no nosso atual cenário da educação.
Antes peço que me perdoem se motivar algum tipo de náuseas, trauma, horror ou engasgamento. Veja então, o pronunciamento do governador Cid Gomes – exalta dor da pureza dos sentimentos:
“Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado, eles pagam mais? Não. O corporativismo é uma praga no meu ponto de vista.” Desabafou o governador, sem o mínimo de respeito a dezenas de professores que lotavam o auditório para o evento.
Sou apenas uma estudante no Brasil, não sei se consigo interpretar a pérola do governador, com um pouco de esforço: Que dizer que quem ensina, ensina por gosto? Ensina porque quer e por isso pode receber qualquer merreca e ficar satisfeito e feliz?
Lamentavelmente os profissionais da educação, ainda são vistos como os Deuses, Messias, missionários e iluminados, que sarcasticamente devem trabalhar com todo amor, transformar o país e negar a própria vida em prol da profissão, sem lutar por melhorias nas políticas educacionais. Um profissional que pense na valorização da carreira, para melhorar suas condições de trabalho está cometendo um pecado! E, se o profissional faz greve? Está condenado a “arder no mármore do inferno vivo”. Além de ser perseguido e desrespeitado, como fez o governador.
Diante do pronunciamento do governador, com uma boa dose de sarcasmos e ironia, percebemos o quão sentimental e amoroso é o então governador, nos levando a sugeri-lo que doe o seu salário de mais de 13 mil reais, como também seus auxílios e governe com o mais puro de todos os sentimentos - o amor. Além disso, incentive, aos da sua área a fazerem o mesmo. Por ano, o governador, Cid Gomes, ganha mais de 156 mil reais. Já pensou, se os 27 estados do Brasil, fossem administrados por governadores amorosos como o do Ceará? Com um pouco mais de romantismo, e se a nossa classe política recusasse os seus salários – que a população paga, com exceção dos grandes empresários e das multinacionais – na educação?
Sonhar é preciso! É cada vez, mais insuportável e motivo de indignação, o atual cenário e as perspectivas que oferecem a educação! Não suportamos e não podemos esperar que a educação nesse país, continue sendo desrespeitada e apenas uma questão de conveniência política.
É preciso que entendamos que a Educação no Brasil, é um problema econômico e de cidadania. Não nos enganemos com as palavras do governador Cid Gomes, não pagamos a alimentação, água, energia, o que vestimos, transporte e nossos impostos com amor. Mudar a educação há um preço sim, que precisa ser pago. Quase 50% do orçamento da União são destinados as dívidas públicas, no entanto a dívida social, que permeia por mais de 500 anos, quem paga? O amor? Certamente que não, pois o amor é um sentimento, logo não se quantifica, assim não destinaria menos de 5% a Educação.
Contudo, nós alunos, exigimos que a educação, seja tratada com respeito e dignidade. E que os nossos profissionais, não sejam desrespeitados dessa forma, pois nos sentimos desrespeitados também com essa situação.
Queremos que destinem 10% do PIB já! Não estamos dispostos a esperar que em 2020, destine 7%, como prever o PNE. Até lá, várias pessoas, já terão recebido o que as condições dispõem para essa vergonhosa formação, que tolera esses discursos fáceis. A greve dos servidores do Ceará faz parte da luta da destinação de 10% do PIB para a Educação Pública. Solidarizamo-nos com cordialidade a esses profissionais, por reconhecermos que a educação clama por melhorias já! E reivindicamos respeito com essa categoria, pois eles só estão cobrando os seus direitos! Além disso, é cada vez mais evidente que os brasileiros precisam de uma formação cidadã.